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Caldinho de Capela: a história do aperitivo que é patrimônio imaterial de Alagoas

Por Naldo Cerqueira em 17/07/2021 às 15:07:58
Aperitivo é vendido há quase cinco décadas e faz sucesso entre moradores e visitantes. O Caldinho de Capela foi reconhecido como Patrimônio Imaterial de Alagoas

Reprodução/TV Gazeta

A cidade de Capela, na Zona da Mata de Alagoas, fica a 60 km de Maceió. Cortada pelo Rio Paraíba, tem apenas 17 mil habitantes. Nessa época do ano, o clima ameno, atrai muita gente até a cidade atrás de uma comida deliciosa. É o tradicional Caldinho de Capela.

O aperitivo foi reconhecido como Patrimônio Imaterial de Alagoas no ano passado. Ele é vendido há quase cinco décadas em uma casa, com arquitetura rústica.

Quem criou o caldinho foi Seu Newton Bastos e ele preparado na cozinha do boteco pela mulher dele.

“Há 46 anos... começamos fazendo dois, três, quatro caldinhos. Como aqui a cidade não tinha nada de atrativo, tomar um aperitivo, uma coisa, aí começamos a fazer o de feijão e o de mocotó. Eu disse: vou ter que fazer uma coisa diferente que as outras pessoas não tenham, aí surgiu a ideia do de galinha. E foi sucesso”, contou Seu Newton.

Na parede do local, registros que comprovam o prestígio. Alguns clientes frequentam o lugar há muitos anos, como o juiz Dirceu Moraes, que garantiu até um lugar especial no mural de fotos.

“Ele abriu uma exceção porque ele é azulino e disse que a única camisa vermelha que ele permite aqui é a minha. Eu lancei um desafio, ele trouxe a camisa do CSA e eu do CRB, nós tiramos a foto e ele colocou ali. É uma rivalidade muito sadia”, comentou o juiz.

O caldinho mais pedido é o de galinha. Mas ainda tem o de feijão e o misto, que é uma mistura dos dois sabores. A família diz que a tradição do caldinho será mantida com o neto do Seu Newton.

“Desde os meus quatro anos estou aqui dentro. Então, assim, sempre ajudando numa coisa e outra, me formei muito por conta daqui, né? Que veio muito da assistência dele. E aí é minha inspiração, meu orgulho é ele. Chamo de avô, mas é um verdadeiro pai”, disse o advogado Newton Melo Bastos Neto.

O sucesso do caldinho é tanto que pessoas de outras cidades procuram o local. A professora Iza Santos mora na cidade de Cajueiro e foi até Capela só para tomar o caldinho. "Eu tenho certeza que tem um segredo especial que não pode ser revelado e é impossível tomar um só”, disse.

Filho de Capela, artesão João das Alagoas vive da sua arte

Filho de Capela, artesão João das Alagoas vive da sua arte

Outro cidadão ilustre de Capela tem conquistado o mundo com suas obras. É o mestre artesão João das Alagoas, que se tornou patrimônio vivo do estado. Através do trabalho com o barro, ele produz elementos da cultura nordestina.

“O despertar mesmo foi já nos meus cinco, seis anos, já modelava um boizinho. O que me inspira mais é a gente ter esse privilégio de viver em um estado que tem várias manifestações folclóricas, e eu aproveito muito disso, né? E aproveito também as coisas antigas, as brincadeiras”, conta o artesão.

Na praia de Jaraguá, em Maceió, existe uma réplica de seis metros de altura da famosa escultura do boi.

“Pra quem nem esperava viver de arte, eu nunca esperei viver no meio dos grandes artistas, né? E hoje eu me sinto assim muito agradecido da vida, né?”, comentou.

João das Alagoas passou o conhecimento adiante e formou novos artesãos. A Sil da Capela, conhecida também em todo o país, foi uma das alunas do mestre e hoje também vive da produção de peças em barro.

“Tudo que sei de arte foi ele que me ensinou. Então, é impossível negar, sou discípula, conheci o ateliê dele no ano de 2000. E com todo incentivo dele, eu sou uma pessoa muito realizada, por ter aprendido, por fazer parte é continuar no ateliê que ele construiu, aqui dentro da Capela”, falou a artesã.

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Fonte: G1AL

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