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Planos de vacinação pelo País incluem barco, drive-thru e até freezer de peixe

Professor de Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde da FGV, Walter Cintra analisa que o cenário destoa do histórico de campanhas anteriores. “A [...]

Por Naldo Cerqueira em 10/01/2021 às 20:13:52

Professor de Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde da FGV, Walter Cintra analisa que o cenário destoa do histórico de campanhas anteriores. “A grande diferença é a condução desastrosa do governo federal. Em vez de coordenar um programa integrado e dar credibilidade às vacinas, como sempre foi, ele fez o contrário”, diz. “Isso forçou Estados a se mobilizar para garantir o mínimo.”

Em São Paulo, o acordo com um laboratório chinês é para produzir a Coronavac, que aguarda autorização de uso emergencial da Anvisa. A gestão João Doria (PSDB) prevê começar a vacinar no dia 25, com meta de 9 milhões de pessoas até o fim de março. Para cumprir o cronograma, precisa tirar do papel uma operação de guerra. Só na proteção de estoques e escolta de veículos refrigerados, que levam vacinas aos municípios, foram empenhados 25 mil agentes de segurança pública – mais de 20% dos 113 mil homens e mulheres que compõem as tropas paulista.

O governo estadual também se prepara para dobrar o número de salas de vacinação, passando das atuais 5,2 mil para até 10 mil. Entre as alternativas há farmácias, terminais de transportes públicos e quartéis da PM. Até clubes de futebol, como Corinthians e São Paulo, colocaram seus estádios à disposição.

No Rio, caso necessário, o plano prevê postos em escolas, instituições religiosas, associação de moradores, shoppings, aeroportos e unidades do Detran. Já Minas aposta em vacinação à noite e nos fins de semana. Ginásios e condomínios são outras alternativas citadas no País. Pelos programas, equipes de saúde devem ir, ainda, a pacientes acamados e centros de idosos.

Contra aglomerações, o mais comum é a vacinação por drivethru: modalidade em que não é preciso sair do carro. Além de São Paulo, o sistema foi sugerido por Maranhão, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás. Neste último, o governo também diz que desenvolve aplicativo para agendamento por celular.

Logística

Em Rondônia e no Amazonas, algumas comunidades só podem ser acessadas por barco. O Acre também vai precisar de aeronaves e embarcações para o transporte de doses.

Para evitar que estraguem, a gestão Gladson Cameli (PP) comprou novas câmaras frias e, como retaguarda, deve usar um frigorífico de peixes que estava fechado desde 2018. “Sairemos de uma capacidade de armazenamento de doses de vacina de 600 mil para 1,6 milhão de doses”, diz Renata Quiles, coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI) no Acre.

Foto: Reprodução/Twitter

Imunizantes elaborados com o vírus atenuado, a exemplo da Coronavac e da vacina da AstraZeneca e Oxford, devem ficar conservados entre 2ºC e 8ºC. Por sua vez, a da Pfizer, feita com base em extração de RNA, precisa de temperaturas ainda mais baixas, caso o armazenamento dure mais de cinco dias.

A infraestrutura necessária fez o governo de Sergipe repensar as alternativas no mercado. “Exceto a vacina da Pfizer, que exige armazenamento a – 70º, todas as demais vacinas atendem a nossa logística”, diz, em nota. Já Ceará e Rio Grande do Sul negociam usar ultra-freezers de universidades.

“Se a vacina da covid chegar agora, podemos usar a rede da influenza (gripe), que já é boa”, diz diretora Cynthia Bastos, do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul. Para acelerar a logística, o governo estuda alugar mais caminhões refrigerados e incluir farmácias na rede de aplicação

“Em 6 horas, conseguimos fazer o deslocamento pelo Estado inteiro. Podemos vacinar até com a Pfizer, sem estocar”, afirma. “Se os municípios deixarem as pessoas organizadas, chegamos vacinando.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Banda B

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